CARRUAGEM EGIPCIA – VPI TURISMO

31 de março de 2020
Israel
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Mesmo com as carruagens já existindo a 500 anos antes de seu emprego nessa civilização, nenhum povo usou ela de maneira mais eficaz do que os egípcios. A princípio, a carruagem de guerra egípcia diferenciava completamente das outras carruagens usadas pelos mesopotâmios e hititas, e essa inovação de uso egípcio foi o responsável pelas suas diversas conquistas ao longo da história do Egito antigo.

O registro mais antigo do uso de carruagens é de 2000 a.C. na mesopotâmia e, desde então, o uso da carruagem acabou se expandindo para os demais territórios, como a Síria e o próprio Egito. Entretanto, quem realmente introduziu o uso bélico de carruagens na cultura egípcia foram os Hyksos.

Os hyksos, invasores ou assentadores que vieram da Ásia Ocidental, possivelmente tendo origens semitas, revolucionaram a organização do Antigo Egito de várias maneiras. Mas, uma das principais influências dos hyksos na sociedade egípcia foi o próprio sistema de guerra. Eles trouxeram melhoramentos como o arco composto, o machado de guerra e, também transformaram a carruagem, inicialmente um meio de transporte rústico, em uma arma de guerra.

Possível selo cilíndrico de Kahmundi, o último governante hykso do Egito

A carruagem de guerra egípcia diferenciava-se em várias formas das carruagens convencionais usadas pelos mesopotâmicos e hititas. O design da carruagem egípcia era mais leve, e eles também trocaram o eixo da carruagem para que o condutor ficasse mais próximo e também colocaram mais placas de bronze, para aumentar a proteção. A composição da carruagem era, além dos cavalos, dois homens: um responsável por conduzi-la, que também contava com a proteção de um escudo, e o guerreiro, que contava com um arco e flecha ou dardos de arremesso e, caso ambos acabassem, uma lança curta para ataques próximos.

A proteção, entretanto, era rara, já que o uso ocasional era de armaduras de escamas de bronze pelos condutores da carruagem ou faixas de couro pelos guerreiros auxiliares, já que a parte inferior de seu corpo estava protegida pela carruagem. O faraó também usava armadura escamada em combate, mas crivada de pedras preciosas.

O principal uso das carruagens de guerra egípcias, entretanto, era como uma plataforma móvel de arquearia, geralmente puxada por dois cavalos. O uso de carruagens para esse propósito, e não como arma de choque, deu uma vantagem aos egípcios e os diferenciou ainda mais de sua contraparte hitita. Carruagens eram consideravelmente mais ágeis do que um arqueiro a pé, e também possuíam a capacidade para carregar uma maior quantidade de flechas, sem prejudicar a mobilidade. O grande segredo do uso egípcio de suas carruagens de guerra girava ao redor, justamente, da velocidade e mobilidade das mesmas, confiando menos na precisão do ataque e mais na agilidade e quantidade de tiros disparados contra seus adversários.

As carruagens de guerra egípcias eram um artigo essencialmente nobre, e apenas os mais abastados podiam arcar com os seus custos. Isso acabou levando à criação de uma nova classe social no Egito: os maryannu, tropas geralmente semitas que possuíam suas próprias carruagens e lutavam em nome do faraó. As carruagens também não atuavam sozinhas, geralmente sendo apoiadas pela infantaria, que eram posicionadas junto com as carruagens, mesmo sendo ambas armas independentes. Por mais que a carruagem de guerra egípcia fosse bastante ágil, ela ainda assim era pesada e precisava do terreno certo para ser empregada, o que nem sempre era o caso nos mais variados combates egípcios. Uma outra dificuldade das carruagens era a difícil condução, principalmente em terreno desnivelado.

Aristocrata egípcio em uma carruagem com seu ajudante

Talvez a carruagem de guerra egípcia não tenha ganhado tanto destaque até a mais importante batalha em que ela foi usada, a batalha de Kadesh. A batalha de Kadesh ocorreu no final de maio de 1274 a.C. e foi provavelmente a maior batalha de carruagens do mundo, envolvendo 20 mil homens no lado egípcio, dentre os quais 4 mil estavam em 2 mil carruagens, e entre 23 e 50 mil homens, dentre os quais 9 a 11 mil homens estavam presentes em 2500 a 3700 carruagens.

A grande intenção de Ramsés II era a de expandir o território egípcio, querendo compensar a perda durante o governo dos Hyskos, o que os levou diretamente para a Síria sob o comando Hitita. Muwatalli II, o rei hitita, estava posicionado esperando pelas forças invasores,mas segundo um relatório equivocado dos espiões egípcios, Ramsés II acreditava que os hititas estavam mais distantes, em Aleppo ao invés de Kadesh. Ramsés II só descobriu que o rei hitita e seu exército estavam extremamente próximos quando era praticamente tarde demais. Em sua ânsia para capturar a cidade antes que os hititas chegassem, durante a aproximação, Ramsés II se distanciou do restante de suas divisões, e no caminho, sofreu um ataque surpresa pelas forças de Muwatalli II, que forçavam um avanço direto para o acampamento egípcio.

O erro tático de Ramsés II, ter se afastado de suas tropas e efetivamente dividindo as suas forças, quase lhe custou a batalha, já que os hititas de fato conseguiram alcançar o acampamento e atacaram violentamente o mesmo. Entretanto, a magnitude do acampamento Amun foi um grande obstáculo para os hititas, que não conseguiram penetrar nas densas formações egípcias, muitos caindo justamente por caus de batidas de suas respectivas carruagens. Ramsés II, segundo ele mesmo, estava sozinho entre várias carruagens hititas, mas conseguiu driblar todos os seus inimigos com a ajuda dos deuses, e quando conseguiu se salvar, retornou para os seus homens e liderou novos ataques contra os hititas. Nesse cenário de contra-ataque, a velocidade e manobrabilidade das carruagens egípcias foi extremamente importante, já que foi justamente esse fator que deu a vantagem aos egípcios contra seus inimigos, cansando os hititas e, mais tarde, com a chegada de reforços, forçando uma retirada estratégica.

Historiadores ainda não chegaram em um consenso sobre o final da batalha, com opiniões variando de vitória egípcia, empate e até mesmo derrota egípcia, mas a versão mais aceitada amplamente é de que a batalha terminou em empate. Isso porque Ramsés II não teve apoio logístico o suficiente após a batalha para iniciar um cerco em Kadesh, e teve de voltar para Damasco e, inevitavelmente, retornando para o Egito. O grande triunfo de Ramsés II com a batalha foi, na verdade, ter saído vivo dela, e com o que ele interpretou como uma vitória sobre o ataque surpresa dos hititas. Ao seu retorno, o faraó viria a transformar a batalha em um grande instrumento de propaganda. Nenhum dos dois lados conseguiu uma vantagem óbvia com a batalha, mas a guerra continuou mesmo após a deposição de Muwatalli II por seu irmão, Hattusili III. 16 anos após a batalha de Kadesh, hititas e egípcios finalmente assinaram um tratado de paz, o mais antigo já descoberto na história, por mais que isso não fosse cessar a hostilidade entre ambas as nações até um tratado de aliança ser futuramente assinado.

Ramsés II na Batalha de Kadesh, gravura do templo de Abu Simbel

Durante todo o restante de sua história, carruagens passaram a ser usadas como uma das principais armas dos egípcios. Entretanto, os sucessivos anos de conquistas por vários outros povos, notavelmente os persas, acabaram por atenuar suas tradições de carruagens. Mudanças tecnológicas da Idade do Ferro também introduziram novas e mais potentes armas para os egípcios, principalmente as espadas de ferro e a introdução de uma cavalaria propriamente dita, fazendo com que as carruagens perdessem mais espaço para a recém-formada arma de cavalaria, usando guerreiros montados propriamente ditos.

A grande mudança para os egípcios, entretanto, viria após a conquista de Alexandre, o grande, em 332 a.C. Quando Alexandre marchou para o Egito, derrotando suas guarnições com determinada facilidade, sua dominação foi tratada com aspectos de liberação, e ele foi proclamado filho do deus Amun. A conquista de Alexandre transformou profundamente a cultura egípcia, inserindo pesadas influências helênicas, que se mantiveram após a sua morte. Durante a partição do império de Alexandre, Ptolomeu I Soter assumiu o comando do Egito, iniciando o período da Dinastia Ptolomaica na região.

Busto de Ptolomeu I Soter como faraó do Egito, presente no British Museum

Não importasse o quão difícil era a sua manutenção e manobrabilidade, os egípcios revolucionaram a guerra antiga com o uso das suas carruagens de guerra. Sendo assim, eles foram uma das forças mais efetivas de seu tempo, mesmo apesar de toda a propaganda que os cercam, os egípcios alcançaram a glória através de duas carruagens alteradas e assim permaneceu até o fim de seu império.

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